Na década de 80, eu ainda era adolescente, mas gostava de lê sobre tudo e lembro-me que vendia nas bancas de jornal um periódico chamado: JORNAL DE PSICOLOGIA. Era uma publicação mensal, elaborada por bons psicólogos e certa vez li uma matéria sobre a música e achei interessante.
Testes em laboratórios mostram como o organismo humano reagia diante da música que era ouvida em uma sala acusticamente isolada e onde ficava uma pessoa ouvindo músicas de vários estilos.
Aparelhos mediam as reações da COBAIA HUMANA e ficou comprovado que as músicas mexiam no emocional do ouvinte e o emocional atingia o físico, alterado os batimentos cardíacos e outros tantos efeitos fisiológicos, como liberação de adrenalina e outros hormônios. O trabalho é extenso, mas este resumo que trago à tela já dá a todos uma idéia de como, uma música pode despertar o nosso lado melancólico, trazendo-nos lembranças que nos leva a chorar.
Outras músicas eletrizantes e eletrônicas podem nos deixar animados, outras músicas são mais recomendáveis para uma meditação, ou uma oração. Mas há ritmos musicais que despertam a selvageria e a violência, estimula a baderna e excita a histeria.
Um concerto musical dificilmente vai terminar em pancadaria, já o FUNK é usada para estimular reações animalescas dos humanos. Trabalho com escrivão de policia e há dias em que chego a registrar 20 ocorrências policiais na delegacia e é interessante que trabalho em estância balneária: São Vicente/SP e no verão as prefeituras da região, como Santos, Guarujá e Praia Grande, contratam artistas para shows nas praias. Nós como policiais já sabemos que dependendo do artista e do tipo de música que vai tocar na praia, a conseqüência vai ser imediata na delegacia. Portanto conosco não tem hipocrisia, FUNK é para bandido!!!!! E não tem conversa. Hoje é dia 16 e no dia 14, fiz um boletim de Ocorrência de Homicídio Doloso, um rapaz foi assassinado dentro de um baile funk no bairro do Japui. Mil e quinhentas pessoas dançavam, e eles freneticamente possuídos pelo embalo do funk, arrastaram o corpo para o portão do salão e continuaram em suas danças psicodélicas. Só pararam a música porque a minha delegada, doutora Karla, mandou um grupo de operações especiais parar a MÚSICA!!!!!
A música pode transformar a impressão que temos das imagens?
Não é somente a música, mas qualquer som que acompanhe uma imagem pode transformar completamente a percepção do telespectador diante de uma imagem. Sabemos que na produção de um filme o sucesso e o fracasso está vinculado com a qualidade do som, as músicas escolhidas para acompanharem as cenas de suspense, melancolia, emoção, e o apogeu do filme. Algumas músicas se eternizaram como partes de uma cena como DANÇANDO NA CHUVA, outras músicas se vincularam a personagens como 007, Super-Man e tantos outros personagens do cinema. O som e a imagem se casam em nossas vidas, muitas cenas de nossas vidas estão vinculadas a imagens em que estes som se repetiram ao fundo.
Há cada quinze dias, eu passo 2 a 3 dias no sítio, nas montanhas e ali costumo ficar escutando a Radio Bandeirantes da hora que acordo até a noite, e fico trabalhando na roça, levando uma garrafa d’água, ferramentas e o radio de 8 pilhas da grande de um lado para outro do sítio. A minha mulher já falou que toda vez que ela escuta a Radio Bandeirantes em qualquer lugar da cidade, ela já vê o sitio. Minha filha mais nova costumar desenhar o sitio com muita freqüência e o radio sempre está do lado... Isso é o casamento do som e da imagem!!!!
Em que sentido?
Uma música associada há uma certa experiência dolorosa pode criar na pessoa medo, pânico, ódio. É o caso de sirenes de ambulância e de viatura policial, se a pessoa passou por uma experiência intensa com estes ícones, toda vez que elas escutam aquele som, elas terão automaticamente a mesma emoção associada aquela imagem do passado. Pessoas que tiveram experiências traumáticas com noticias por telefone que trouxeram grande desespero as suas vidas, podem desenvolver no mínimo um desconforto ao ouvir o som do telefone até em casos mais graves em paranóias.
Que experiências você fez?
Peguei um álbum de fotografias de minhas vivencias, em família, no trabalho ou sozinho e coloquei ao fundo música em ritmo eletrônico, romântica e orquestrada, e observando as fotos com estas músicas ao fundo, nas três vezes tive impressões diferentes sobre as imagens, senti emoções diferentes. Já experimentei participar em cultos religiosos acompanhado de musica em estilos marcantes como o canto gregoriano da Igreja católica. Em outra ocasião de minha vida freqüentei as orações muçulmanas na mesquita de Santos, na Av Afonso Penna, é impressionante como aquelas orações cantadas dos árabes nos fazem viajar. Parece que estamos voando pelos desertos. Enquanto cânticos católicos nos fazem remeter as catedrais góticas da Idade Média.
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